Quando um coração se fecha, faz muito mais barulho do que uma porta... (frase roubada a Margarida Rebelo Pinto, que por sua vez a roubou a António Lobo Antunes... mas como diz a sabedoria popular 'Ladrão que rouba ladrão, tem cem anos de perdão').
Levar com a porta na cara dói muito. Dói sempre, o dia inteiro, a todas as horas e a todos os minutos. Dói tanto que os segundo se podem tornar insuportáveis e os dias facilmente se transformam em epopeias...
Dói de manhã, assim que regressamos do abençoado estado de inconsciência em que o sono nos guarda, quando olhamos para o lado e perguntamos: e agora? Dói quando olhamos para o espelho embaciado onde existem os fantasmas de frases de amor escritas com a ponta dos dedos. Dói quando nos lavamos, quando comemos, quando engolimos, quando respiramos, quando falamos, quando ouvimos, quando pensamos... Dói um bocadinho menos quando nos rimos, quando os amigos nos abraçam (mesmo os que estão longe), quando a noite cai...
Mas o que mais dói é saber que alguém que ainda amamos, por medo e por sofrimento, nos fechou o coração... O som é igual ao de mil tambores em fúria: não vale a pena falar, não vale a pena escrever, não vale a pena tentar chegar ao outro lado, saltar o muro, enviar emissários, içar bandeiras, fazer cimeiras, apanhar aviões e levar na mão o nosso coração como presente porque esse alguém já não o quer.
Quando o outro coração se fecha, deixa de ser nosso...
Hoje foi o fecho (in)conformado de uma etapa...
Obrigada por tudo o que representas para mim... e por toda a aprendizagem...
(Ouvidos e Sentidos - "Cada lugar teu", Mafalda Veiga)
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